segunda-feira, 30 de abril de 2012

O moicano deve ser o corte dos nascidos de novo?

Nestes dias difíceis que a Igreja de Cristo vem enfrentando e que foram previstos (2 Timóteo 3.1), certas atitudes erradas à luz da Bíblia têm infelizmente se tornado comuns entre os que se dizem cristãos. Em nome de uma falsa “liberdade” (que destoa até à libertinagem, isto é, até à insubmissão, à irreverência com relação a princípios e crenças oficialmente aceitos), sob a alegação de que é proibido proibir ou de que se trata de legalismo, práticas biblicamente reprováveis adentram a Igreja. É nesse sentido que bons costumes têm a cada dia sido ignorados. Um claro exemplo disso é que jovens “evangélicos” adotaram, há certo tempo, o corte de cabelo em estilo moicano. Diante de Deus, tal atitude é correta, conveniente, louvável? Quero aqui evidenciar razões por que o crente não deve usar o corte de cabelo dessa forma, a fim de chegar mais e mais à medida da estatura de Cristo (Efésios 4.13), a fim de que seu dia brilhe de tal maneira que se torne dia perfeito (Provérbios 4.18). Para tanto, leiamos o que Paulo disse em 1 Coríntios 6.12 e 10.23: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma; Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Além disso, o mesmo apóstolo orienta em Filipenses 4.8: Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai. É importante lembrar que a Bíblia “não é apenas um livro de mandamentos do tipo ‘pode e não pode’. Ele contém princípios, pelos quais podemos distinguir o puro do impuro, o verdadeiro do falso, etc” (ZIBORDI, Ciro Sanches. Observar princípios bíblicos não é ser legalista. Publicado em 10.11.09. Disponível em: http://cirozibordi.blogspot.com/2009/10/observar -principios-biblicos-nao-e-ser.html Data de acesso: 11.11.09). A partir disso, algumas perguntas devem ser feitas acerca do uso do corte de cabelo estilo moicano: é conveniente?, é edificante?, é puro?, possui virtude? etc. Parece-nos que não, senão vejamos. A palavra “moicano” se refere a um corte de cabelo de origem indígena, usado, pois, por índios americanos e celtas. Mas não só por esses: é utilizado por punks e outros subgêneros. No entanto, de acordo com Houaiss, o tal grupo indígena é “hoje considerado extinto, (...) habitava a área de Connecticut (Estados Unidos da América) (grifo nosso). Dessa forma, entendemos que o corte moicano está profundamente ligado não aos índios, mas aos punks. Antes de vermos as atitudes desses punks, citemos como é o corte e quais as suas variações: Quanto ao corte, podemos afirmar, segundo o site Wikipédia (Moicano (corte de cabelo). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Moicano_(corte_de_cabelo) Data de acesso: 15.10.2009), que ele é, geralmente, raspado dos lados. Algumas vezes é pintado, o que deixa mais "exclusivo". Já quanto a seus tipos, há 1) o moicano que não é raspado dos lados, apenas levantado. Esse tipo, embora menos extravagante, pertence ao estilo em análise; 2) o Moicano Spikes: trata-se do moicano que, no lugar de uma "crista", possui "espinhos", que são estabilizados ora por gel comum (gel-cola, gel-(de)-cera), ora por sabonete de glicerina, ora por clara de ovo, ora por laquê; e 3) Moicano Comum, que é aquele com uma "crista" perfeita, estabilizada por qualquer produto anterior. É válido lembrar, ainda, que seus usuários, os homens, são aqueles que gostam de Rap, Funk, Hip Hop, Reggae, segundo o mesmo Wikipédia. Na sequência de nossa análise, o estilo moicano de corte de cabelo passou a ser, oficialmente, usado por punks na década de 80 do século passado. Ao longo do tempo, eles foram criando cores e formas diferentes. Mais uma vez, notamos que tal corte tem a ver por inteiro com os punks. O principal difusor do estilo foi o vocalista das bandas Dead Kennedys e The Exploited, pertencentes ao movimento punk. Chamava-se Wattie Buchan. Diz o Wikipédia que, em 1980, no auge da cena Punk/ Hardcore, Wattie exibia seu moicano vermelho nas apresentações da banda nos subúrbios europeus, influenciando não só punks como bandas do gênero até os dias de hoje (WIKIPÉDIA. Moicano (corte de cabelo). Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Moicano_(corte_de_cabelo) Data de acesso: 15.10.2009). É necessário sabermos que Dead Kennedys é uma banda americana de punk/ rock formada em São Francisco, Califórnia. Durante os anos de 1980, a banda obteve uma ampla influência no cenário internacional da música punk, com uma mistura experimental entre a música punk inglesa dos idos de 1970, com a energia crua do hardcore norteamericano. Suas canções combinavam deliberadamente letras chocantes com um humor ácido e satírico, com comentários liberais, sarcásticos sobre assuntos sociais e políticos da época. Alguns dos problemas eram que muitas das canções da banda criticam as ideologias de líderes e de entidades religiosas fundamentalistas de posição política conservadora. No começo de sua história, seguindo a linha de pensamento anárquico de Jello Biafra (pseudônimo de Eric Boucher), militante político anarquista e agitador cultural, o grupo desde cedo se focou nas letras e na ideologia nelas contidas, abusando de sátiras irônicas e ácidas para criticar diversos temas sócio-políticos americanos, como (...) as guerras, os políticos liberais conservadores, a igreja, a polícia entre outras. Mostrando a que veio, em 1979, surge o primeiro single da banda: "California Über Alles" (Califórnia acima de todos), uma crítica direta ao então governador da Califórnia, Jerry Brown. Dois anos depois, Biafra, com o intuito de ir contra as Sagradas Escrituras, lança o disco "In God We Trust, inc." (“Em Deus Nós Confiamos, corporação”), uma prévia do segundo álbum onde se destaca toda a ironia e acidez da banda sobre a igreja. Ressaltamos notadamente que o grupo tenta ridicularizar, sempre que pode, o nome de Cristo, como no polêmico disco "Frankenchrist" (título que sugere a união do nome de Cristo com o de Frankstein), trazendo um encarte do artista suíço H.R. Giger, a mostrar ilustrações de pênis e vaginas. Outro disco da banda foi: "Anarchy for Sale" (Anarquia à venda). A segunda banda punk mencionada é também acusada de várias atitudes fascistas, como a declaração do vocalista de que odiava negros e latinos e praticava o espancamento deles nos shows da banda. The Exploited, portanto, como encontramos em Wikipédia (The Exploited. http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Exploited) e em seu próprio site (http://www.the-exploited.net/stuff.htm), tem em seus shows o estímulo à violência. Seus integrantes, liderados pelo faz-de-tudo da banda, Wattie Buchan, incitavam o preconceito, o humor negro. Além disso, eram favoráveis ao fascismo e ao nazismo. Devido a essa última informação, usavam camisetas com o símbolo da suástica. Expressavam forte oposição à então primeira-ministra inglesa Margaret Tatcher, o que denota insubmissão, algo que Jesus não fez, nem os apóstolos. A discografia do The Exploited é muito vasta e mostra sua tendência à blasfêmia e ao anarquismo, pontos que vão conscientemente contra a Palavra de Deus. No disco de 1986, "Jesus is Dead" ("Jesus está morto"), uma ideia do conteúdo já começa na capa: o desenho de um punk crucificado em trajes sadomasoquistas com mulheres seminuas. Depressa percebemos que seguir esses exemplos não é nada louvável, puro, de boa fama. Cabe esclarecermos que algumas das músicas da banda, além das que têm por título verdadeiros insultos e palavrões tanto ao cristianismo como ao governo (e que, por terem essa natureza, são impublicáveis), há “Let's Start a War” (Vamos começar uma guerra), “I Believe In Anarchy” (Creio em Anarquia), letra pela qual se afirma que Não me preocupo como o que você vai dizer porque acredito em anarquia; não tenho medo, não tenho vergonha, porque ainda creio em anarquia; e a letra de “Jesus Is Dead” promove ultrajes e blasfêmias. Desses, destacamos: “Jesus, Jesus sleeping on your cross Fuck mankind” (Jesus, Jesus, dormindo em sua cruz, causa desgraça a toda humanidade). Notamos em absoluto que a banda punk vai justamente contra as Escrituras, que dizem Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós (Efésios 4.31; ler também 1 Pe 2.1 ARA, NVI). É visível que os punks foram os responsáveis por difundir o estilo moicano. Não somente isso. Propagaram também atitudes que, à luz da Bíblia, são amplamente reprováveis e jamais deveriam ser copiadas por um cristão no mínimo que fosse, a saber: o anarquismo, a blasfêmia, o ódio, a guerra. É manifesto, então, que o estilo moicano se refere mais à ideia de anarquismo e blasfêmia do que qualquer outra coisa. Por que então desejar usar esse estilo capilar? Ora, enquanto anarquismo significa qualquer ataque ou afronta à ordem social estabelecida ou aos costumes reinantes, a blasfêmia é o enunciado ou a palavra que afronta a divindade, a religião ou o que é considerado sagrado. A palavra ‘blasfêmia’ está praticamente limitada à linguagem difamatória acerca da Majestade Divina. (...) o verbo blasfemar é usado de modo geral, acerca de qualquer linguajar insultante, ultraje, calúnia, vitupério etc., como os que se zangaram com Cristo; a respeito daqueles que falam desdenhosamente de Deus ou das coisas sagradas (VINE, W. E. [et al]. Dicionário Vine. O Significado Exegético e Expositivo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007). Nesse ponto é importante lembrar as palavras de Jesus em Mateus 15.19 porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. Ter essas ideias vinculadas ao jeito de ser não é nada positivo para uma pessoa que cristã se diz ser; para um nascido de novo. Por que, então, desejar assemelhar-se a tal condição? Se o anarquismo está ligado ao ataque contra o governo, não queremos nosso nome conexo a isso, afinal de contas seguimos a Bíblia. Em Romanos 13.1-7, Paulo exorta que nos sujeitemos às autoridades, e não que as ataquemos, como faziam os punks com seus cabelos em estilo moicano. Ordena ele: Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. (...) Portanto, é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também pela consciência. E Pedro concorda: Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei (1 Pe 2.17). Sem dúvida, um dos maiores divulgadores desse estilo de cabelo de que estamos a tratar foi o jogador David Beckham, que promoveu tal corte, sobretudo na Copa do Mundo de 2002. Nem por isso, é recomendável que um crente, nascido da água e do Espírito, adote tal estilo. Afinal, é imperativo bíblico: E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). Sendo assim, não devemos estar com a mesma forma do mundo, mas ter nosso entendimento tornado novo outra vez e não amar o mundo nem o que nele há (1 João 2.15). Em resumo, podemos ver que o corte de cabelo no estilo moicano está integrado aos punks dos anos de 1980, especialmente, aos das bandas The Exploited e Dead Kennedys, lideradas por Wattie Buchan. Esse, por sua vez, ostentava seu moicano vermelho. Tais bandas traziam em suas canções letras que procuravam promover não só a insubmissão às autoridades, mas ainda e principalmente a blasfêmia – atitudes condenadas pela Bíblia e, portanto, por todo cristão que honra as Escrituras. Por tudo isso, foram evidenciadas razões pelas quais um crente não deve usar o corte de cabelo nesse estilo, mesmo que muitos “líderes” não reprovem o corte analisado. Fiquemos com as Santas Letras declaradas por Paulo: Se alguém ensina alguma outra doutrina e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho. Aparta-te dos tais (1 Tm 6.3-5).

Pela orientação da Palavra de Deus,




 Artur Freire Ribeiro